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Não basta regenerar as células ciliadas para recuperar a audição

A perda das células ciliadas é a principal causa de perda auditiva, um problema de saúde pública que afeta pelo menos uma em cada três pessoas com mais de 65 anos de idade. Existem duas variedades destas células:

• Células ciliadas externas: atuam como micromotores que amplificam o som que chega; 
• Células ciliadas internas: agem para sentir e transmitir informações sobre o som para o cérebro.

Elas não se regeneram sozinhas nos ouvidos humanos e podem morrer por uma variedade de fatores, incluindo exposição excessiva ao ruído, certos medicamentos, infecções e como parte do processo natural de envelhecimento, causando assim a perda auditiva.

Na tentativa de melhorar este cenário, pesquisadores de todo o mundo estão trabalhando para restaurar a audição humana através da regeneração das células ciliadas. Contudo, atingir este objetivo não é uma tarefa tão simples.

A PESQUISA

Um novo estudo publicado na revista "Proceedings of the National Academy of Sciences (PNAS)" mostrou que, para restaurar a audição não basta apenas regenerar as células ciliadas externas perdidas, mas também é necessário organizá-las. Cada uma das células ciliadas externas deve ser disposta como um ramo específico de um bloco de construção em forma de Y, sendo replicado milhares de vezes dentro da cóclea para formar uma arquitetura celular altamente organizada.

"Nosso trabalho sugere que, para que os seres humanos possam ouvir bem, as células ciliadas externas da cóclea não só precisam estar em boas condições de funcionamento, mas também precisam estar conectadas a outras estruturas cocleares próximas de uma maneira muito particular.

Acreditávamos que, se pudéssemos apenas regenerar as células ciliadas externas, seria suficiente restaurar a audição. Mas nosso trabalho mostra que a organização espacial das células restauradas também deve ser levada em conta."

Sunil Puria: Ph.D. e instrutor em otorrinolaringologia na Harvard Medical School e autor sênior da pesquisa

Motivados por estudos anteriores em seu laboratório, os pesquisadores criaram uma simulação computadorizada detalhada da cóclea e das minúsculas estruturas dentro dela. Eles então testaram como diferentes arranjos e malformações das estruturas em forma de Y afetam a função auditiva. Eles descobriram que as células ciliadas externas só podiam produzir alta sensibilidade auditiva e seletividade de freqüência quando dispostas em sua configuração natural em relação às estruturas circundantes. Quando alteraram a geometria e as propriedades materiais dessas estruturas, a capacidade das células de amplificar e ajustar o som ficou comprometida.

CONCLUSÃO

O estudo fornece um passo importante para compreender as implicações funcionais de como as células ciliadas externas estão dispostas na orelha interna - com implicações de longo alcance para novas terapias clínicas emergentes que visam restaurar a audição regenerando essas células, mas não necessariamente de uma maneira que restaura sua posição crítica dentro dos blocos de construção naturais em forma de Y da cóclea.

"Nós construímos nosso modelo para testar se o rearranjo das células nas estruturas em forma de Y do ouvido interno altera a capacidade do ouvido de amplificar o som"

"Ao alterar essas estruturas no modelo, vemos fortes evidências de que a amplificação e o ajuste na cóclea dependem muito do arranjo natural dessas estruturas."

Sunil Puria: Ph.D. e instrutor em otorrinolaringologia na Harvard Medical School e autor sênior da pesquisa

Fonte: Medical Xpress