No início do século XIX, Prosper Ménière, diretor de Instituto do Surdos Mudos de Paris e estudioso da surdez, descreveu um tipo de doença que, além da perda auditiva, causava zumbido, crises de tonteira e sensação de ouvido "cheio".
Com o passar do tempo, descobriu-se que essas crises e sintomas da síndrome que hoje leva o seu nome (também chamada de hidropsia endolinfática) são decorrentes de um aumento da pressão do líquido dentro do ouvido interno. Simplificando, seriam crises de "pressão alta" no ouvido.
O ouvido interno está localizado dentro da mastoide (osso atrás da orelha) Ele é composto pela cóclea e por três canais ósseos semicirculares (o labirinto). O desenho e funcionamento desses canais é extremamente sofisticado. Dentro deles há um líquido (endolinfa) que envolve membranas e células neuronais, que atuam como sensores de movimento. A posição e a aceleração da cabeça posta em movimento é captada por esse sistema, o que nos ajuda no equilíbrio. Sem um labirinto saudável, ficar de pé ou andar seria bem complicado.
Embora muitas dúvidas e mistérios envolvam esta síndrome, tudo indica que as crises de tonteira sejam causadas pelo aumento repentino na pressão da endolinfa dentro do labirinto. Esse aumento poderia ocorrer pelo aumento da produção ou diminuição da drenagem da endolinfa, causados por alergias, problemas metabólicos e autoimunes, infecções ou mesmo erros alimentares. No fim do ano passado pesquisadores da universidade de Colorado publicaram uma nova hipótese de mecanismo vascular para a doença, que ainda carece de comprovação científica. Veja abaixo a hipótese.
Pesquisadores da Universidade Escola de Medicina do Colorado, podem ter descoberto a causa da Síndrome de Ménière e como combate-la. De acordo com Carol Foster, Doutora em Medicina, do departamento de otorrinolaringologia e Robert Breeze, também Doutor em Medicina e neurocirurgião, há uma forte associação entre a Síndrome de Ménière e condições que envolvam baixo fluxo de sangue no cérebro, como a enxaqueca.
A Síndrome de Ménière afeta aproximadamente de 3 a 5 milhões de pessoas no Estados Unidos. É uma doença incapacitante que resulta em violentos ataques repetidos de tontura, zumbido no ouvido e perda de audição, que podem durar horas e pode chegar a causar surdez permanente no ouvido afetado.
"Se nossa hipótese for confirmada, o tratamento de fatores de risco vascular pode permitir o controle dos sintomas e resultar em uma diminuição da necessidade de cirurgias que destroem a função do equilíbrio, a fim de controlar o sintoma." Disse Foster. "Se os ataques forem controlados, a progressão anteriormente inevitável à perda de audição severa, pode ser prevenida em alguns casos.
Foster explicou que estes ataques podem ser causados pela combinação de dois fatores:
- Uma má formação do ouvido interno, hidropisia endolinfática (ouvido interno dilatado com fluido);
- Fatores de risco por doença vascular no cérebro, tais como a enxaqueca, a apneia do sono, o tabagismo e a aterosclerose.
Os pesquisadores propuseram que um acúmulo de líquido na parte do ouvido interno, que está fortemente associado com os ataques da Síndrome de Ménière, indica a presença de um problema de regulação da pressão que causa uma leve, intermitente diminuição do fluxo sanguíneo no ouvido. Quando isto é combinado com doenças vasculares, que também causam uma diminuição do fluxo sanguíneo para o cérebro e ouvido, perda súbita de fluxo sanguíneo semelhante ao ataques isquémicos transitórios (ou mini- AVC) no cérebro podem ser gerados nos tecidos sensoriais do ouvido interno. Em jovens que têm hidropisia sem doenças vasculares, não ocorreram ataques porque o fluxo de sangue continua apesar dessas oscilações. No entanto, em pessoas com doenças vasculares, essas oscilações são suficientes para roubar o fluxo sanguíneo do ouvido e os nutrientes que o sangue fornece. Quando os tecidos sensíveis ao som e ao movimento estão sedentos por sangue, eles param de enviar sinais para o cérebro, o que desencadeia a vertigem , zumbido e perda auditiva na síndrome.
A restauração do fluxo sanguíneo não resolve o problema. Os cientistas acreditam que isto desencadeia um efeito pós-prejudicial, chamado de isquemia- reperfusão, nos tecidos excitáveis ??do ouvido que o silencia durante várias horas, resultando na prolongada vertigem e perda de audição grave que é característica da doença. Embora a maioria dos tecidos se recupere, cada vez que isso acontece, resulta em uma pequena área danificada que com o passar do tempo resultará em uma perda de audição permanente para ambos ouvidos e a perda das funções do equilíbrio.
Desde a primeira ligação de hidropisia endolinfática e Síndrome de Ménière em 1938, foram propostos diversos mecanismos para explicar os ataques e a surdez progressiva, mas nenhuma resposta explicou todos os aspectos da doença, e nenhum tratamento com base nessas teorias provou capaz de controlar a progressão da doença. Esta nova teoria, se comprovada, proporcionaria muitas novas vias de tratamento para esta doença anteriormente insuficientemente controlada.
https://www.sciencedaily.com/releases/2013/12/131206163057.htm
Uma crise típica de Ménière se inicia com a sensação de ouvidos “tapados” ou “cheios” por minutos ou horas. Após esse período podem aparecer vertigens (tonteiras rotatórias) intensas, zumbido, náuseas e vômitos. Além da perda auditiva durante essas crises, alguns pacientes podem experimentar desconforto com alguns sons. Essas crises podem durar horas. Alguns pacientes têm sua perda auditiva bastante agravada com a repetição das crises ao longo dos anos.
O quadro clínico acima descrito unido à investigação de outros problemas de saúde que podem estar por trás da síndrome de Ménière são as ferramentas mais importantes para o diagnóstico.
Alguns exames complementares como a audiometria e a eletrococleografia também são úteis para auxiliar o diagnóstico. A audiometria pode atestar o caráter flutuantes da audição durante as crises, com perda especialmente em graves no início da doença. Dosagens sanguíneas também podem auxiliar a detectar fatores metabólicos envolvidos.
Devido à característica um tanto "misteriosa" da doença de Ménière, algumas das opções de tratamento são empíricas, baseadas em estudos clínicos que atestam seu resultado, muitas das vezes sem sabermos de que maneira exata elas funcionam.
Podemos dividir o tratamento em medidas gerais, medicamentos orais e injetáveis, aplicações de drogas intratimpânicas e procedimentos cirúrgicos. Recomenda-se uma restrição de sal na dieta e eventualmente o uso de um antidiurético. As crises são tratadas com medicações orais ou injetáveis para sedar o labirinto e conter as náuseas.
Outros medicamentos, aplicações de drogas intratimpanicas e alguns procedimentos cirúrgicos podem ser usados para tentar conter a recorrência e a gravidade das crises.
Em 2004, a empresa Medtronic conseguiu aprovação nos EUA para venda de um aparelho portátil gerador de pressão no ouvido para tratamento do Ménière mas os resultados clínicos são variáveis.
Dependendo da gravidade e progressão da perda auditiva, pode ser indicado o uso de aparelhos auditivos e mais raramente, o implante coclear.
Fonte: http://portalotorrino.com.br/o-misterio-da-sindrome-de-meniere/
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