Muitas matérias que tratam do atraso que a criança tem para começar a falar enfatizam, como fator desencadeador do problema, a deficiência auditiva. Mas existem diversos outros fatores que dificultam a primeira palavra da criança, um deles é a própria expectativa que os pais têm em ver seus filhos falando.
Os pais sempre buscam o melhor para seus filhos e ficam muito orgulhosos quando vêm que estão tendo um desenvolvimento acelerado. Mas, quando o filho apresenta alguma dificuldade para falar ou desenvolve essa habilidade mais lentamente, ficam ansiosos. Essa ansiedade, que já não é boa para os pais, é terrível para as crianças que, por conta disso, poderá apresentar problemas em relação a fala, pois passa para a criança a imagem de que deveria estar fazendo alguma coisa que ainda não consegue fazer.
Nenhuma pessoa é igual à outra, alguns desenvolvem certas habilidades mais rápido, enquanto outros demoram mais e, outros ainda, nem se quer desenvolvem.
"Em termos de tempo, existe uma variabilidade muito grande. Aquilo que se considera normal não pode ser demarcado por um ponto fixo, mas por algo que comporta variação. Pesquisas mostram, por exemplo, que uma criança de 16 meses pode falar 150 palavras, enquanto outra da mesma idade não fala nenhuma palavra ainda, o que não significa que esta última apresente um problema de linguagem, porque a questão do tempo variável tem peso significativo.
É importante notar que inicialmente a criança produz vocalizações que são tomadas pela mãe e pelo pai como fala, quer dizer, a criança é interpretada como se fosse um falante antes mesmo de começar a falar.
Essas vocalizações caracterizam-se pela emissão prolongada de uma vogal – aaaaa, por exemplo – ou até mesmo de sons que não serão produzidos mais tarde quando a criança for falante da língua. Depois, isso vai se transformando num balbucio que se caracteriza pela reduplicação de sílabas (babá, mamã), e que se aproxima da estrutura silábica da língua."
Professora, Rejane Rubino, do curso de Fonoaudiologia da Pontifícia Universidade Católica de São Paulo.
Ainda que não haja um padrão para que a criança comece a falar, a professora Rejane Rubino afirma que as reduplicações começam a aparecer após os seis meses de idade. Porém tais reduplicações ainda não se caracterizam como fala, mas é muito importante que os pais as tomem como tal, pois isso é fundamental para que a criança venha a falar posteriormente. "A criança depende dessa interpretação para tornar-se um falante ativo" – acrescenta.
"A partir dessa fala interpretativa que pai e mãe fazem, a criança vai tomando alguns fragmentos que irão reaparecer em situações parecidas às que foram faladas pelos pais. Portanto, a primeira fala tem natureza bastante imitativa. A criança repete fragmentos ditos pelo adulto que continua interpretando sua fala. Então, ela fala "nenê" e o adulto completa: "Você viu que nenê bonito?". Esse movimento de tomar aquele pedacinho de fala e colocá-lo no contexto da língua imprime caráter gramatical à fala da criança. Esse processo de aquisição de uma gramática estruturada leva uns quatro anos, embora varie de uma criança para outra."
Professora, Rejane Rubino, do curso de Fonoaudiologia da Pontifícia Universidade Católica de São Paulo.
Segundo a professora, existem alguns fatores que precisam ser examinados.
"Muitas vezes a criança ainda não fala, mas mostra sinais de que a linguagem está se organizando dentro dela. Um exemplo é a maneira como ela brinca. Se não fala, mas pega uma boneca, coloca-a para dormir, tira-a da cama, finge que a alimenta e lhe dá banho, apesar do silêncio, a linguagem está presente. É como se houvesse uma espécie de narrativa, evidenciada por eventos encadeados. No entanto, se a criança não consegue estruturar uma brincadeira, pega um brinquedo e larga para pegar outro que também deixa de lado, os pais precisam ficar atentos a esse modo de reagir."
Professora, Rejane Rubino, do curso de Fonoaudiologia da Pontifícia Universidade Católica de São Paulo.
Outro fator a considerar, é o efeito que a fala de outra pessoa causa na criança. Se ela entende a fala de terceiros, não há motivo para maiores preocupações, o que não acontece quando reage como se nada do que ouvisse tocasse nela.
Há, então, elementos que se usam na avaliação de linguagem para diferenciar o atraso que requer atendimento da simples demora para falar, uma vez que é praticamente impossível fixar uma idade exata em que essa demora deixa de ser normal – conclui Rejane.
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