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Cisplatina pode causar mais perda de audição permanente em pessoas com síndrome de Cockayne

O medicamento quimioterápico Cisplatina, é usado para tratar câncer de mama, de próstata, neuroblastoma, melanoma e muitos outros.

Ele pode matar as células sensoriais internas do ouvido, um fenômeno que é provavelmente mais grave em indivíduos com síndrome de Cockayne, uma forma rara de nanismo. Esta desordem é resultado da mutação de dois genes – chamados Csa e Csb – envolvidos na reparação de danos no DNA. As células podem suportar danos causados ao DNA causados por estresses ambientais que vão desde a radiação ultravioleta do sol a substâncias químicas tóxicas tais como medicamentos de quimioterapia.

"O uso do medicamento Cisplatina salva vidas, matando as células cancerígenas rapidamente, então é o mistério porque a maior parte dos efeitos do tratamento é a perda de audição causada pela morte das células sensoriais ciliadas não divisíveis do ouvido interno. Nossos estudos com um rato modelo que contém a síndrome de Cockayne é o primeiro a apontar a importância do reparo no DNA na proteção das células ciliadas sensitivas sensíveis do ouvido interno de tais estresses ambientais. Nós provamos que as mesmas mutações, que causam a síndrome de Cockayne em humanos, fazem as células ciliadas sensoriais do rato, hipersensíveis a danos no DNA causados pelo medicamento quimioterápico Cisplatina."
Neil Segil, autor sênior e professor de pesquisa no Departamento de Biologia de Células Estaminais e Medicina Regenerativa na Escola de Medicina Keck USC.

O estudo foi publicado na capa do Jornal de Neurociência em abril.

Em humanos, a síndrome de Cockayne pode causar perda de audição bem como anomalias oculares, nanismo, deformidades esqueléticas, microcefalia, subdesenvolvimento do sistema nervoso, aparência de envelhecimento prematuro e sensibilidade ao sol.

Como os medicamentos quimioterápicos semelhantes, a Cisplatina danifica o DNA nas células, o que interfere com a sua capacidade de se proliferar. Espera-se desta interferência ter o efeito mais nítido sobre as células mais proliferativas, tais como células cancerígenas, e um menor efeito sobre as células que não se dividem, como as células sensoriais do ouvido interno.

No entanto, na prática, a cisplatina causa a morte rápida e significativa de ambas as células, as cancerígenas que se dividem e as sensoriais do ouvido interno que não se dividem – tornando-se um medicamento de quimioterapia eficaz com um efeito colateral comum: perda auditiva severa. As crianças pequenas submetidas ao medicamento com a Cisplatina parecem ser particularmente vulneráveis; eles vivenciam atrasos de desenvolvimento como resultado da perda auditiva precoce.

Assim como os humanos com a síndrome de Cockayne, os ratos com mutação nos genes Csa e Csb não podem reparar eficientemente o DNA danificado, deixando-os particularmente vulneráveis a perda de audição permanente causada pela Cisplatina. No estudo, ratos com mutação Csa se saíram um pouco pior que os ratos com a mutação Csb.

Ambas as mutações interferem no que é conhecido como reparação de transcrição-acoplada do DNA, ou TCR. Enquanto existem muitas maneiras diferentes das células repararem danos no DNA, o TCR parece desempenhar um papel particularmente importante na protecção das células sensoriais do ouvido interno contra os danos causados pela Cisplatina. Variação entre os indivíduos na eficácia do TCR pode ajudar a explicar a explicar a diferente suscetibilidade à perda de audição devido ao estresse ambiental e envelhecimento.

"Nossas células têm várias vias bioquímicas que são usadas para reparar o DNA. Nossas descobertas sugerem que uma via particular, reparação de transcrição-acoplada do DNA, é uma grande força para proteger as células do ouvido interno dos danos casados pela Cisplatina. O comprometimento dessa via de reparo em pacientes com a síndrome de Cockayne deixa-as particularmente vulneráveis à perda auditiva severa como um efeito colateral de tomar este medicamento."
Neil Segil

O financiamento veio do Instituto Nacional de Saúde (NIH), concedido pelo Serviço Nacional de Pesquisa Ruth L. Kirschstein( F32DC010125 ) e uma doação do NIH ( R01DC007173 ) , e a Fundação Família Sidgmore.

Confira a matéria em inglês: http://www.audiologyonline.com/releases/cisplatin-may-cause-more-permanent-17337

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